14 de mar. de 2011

O CONSUMO E A FALTA DE INFORMAÇÃO

Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 14/03/2011, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos

ABRAHAM SHAPIRO

Jovens se encontram num shopping. Carteiras abertas. O dinheiro é de plástico. Eles passam seus cartões. Não guardam comprovantes. Estão praticando uma nova e perigosa mania que já tem dimensão preocupante.

Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Cartão de Crédito e Serviços, cartões de crédito para jovens de 12 a 17 anos já representam 12% do total do mercado. E cresce na casa dos dois dígitos.

Eles não têm orientação financeira. Uma pesquisa definiu recentemente o perfil do jovem consumidor brasileiro. Estudar não é determinante. Mas quase sempre ele está entrando no mercado de trabalho. Tem conta-salário e, na sequência, crédito pré-aprovado no cartão e talões de cheque. Resultado: do total de nomes que aparecem no Serviço de Proteção ao Crédito no País, 6% já são de menores de 21 anos.

Cartão de crédito deveria servir para grandes pagamentos parcelados, onde não há desconto à vista. Mas os jovens os usam para pizzas, sorvetes, roupas e baladas.

Facilidade de crédito induz ao consumo. Está ali, basta pegar. Além de sentir-se poderoso com uma conta no banco, o jovem ainda é uma das principais vítimas das redes de varejo onde quem define o crédito é o cliente. Impulso. Ele não faz análise de necessidade. Falta educação financeira. Muitos deles não têm sequer noção do que é estar com o nome sujo.

Uma história ilustra muito bem o perigo embutido em toda e qualquer facilidade financeira.

Um banqueiro ia em sua Limusine quando avistou um homem na estrada comendo capim. Ordenou ao motorista que parasse e lhe perguntou:

- Porque está comendo capim?

- Não tenho dinheiro. Por isso como grama. – disse o homem.

- Então venha à minha casa e eu lhe darei de comer - diz o banqueiro.

- Mas minha mulher e três filhos estão comigo, logo ali, debaixo daquela árvore.

- Que venham todos – respondeu o banqueiro.

Entraram no luxuoso carro. Já a caminho, o pobre homem olhou o banqueiro e disse:

- O senhor é muito generoso. Obrigado por tudo!

O banqueiro respondeu:

- Meu caro, não tenha vergonha. Fico feliz por isso! Vocês ficarão encantados com a minha casa. Lá vocês terão capim com mais de 20 centímetros de altura!

Moral: Vantagens financeiras fáceis merecem que se pense duas vezes antes de julgá-las favoráveis para si.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473