16 de fev. de 2010

REFLEXÕES SOBRE DOENÇAS CORPORATIVAS - 1

ABRAHAM SHAPIRO

A Psicologia e a Psicanálise explicam, mas não me fazem entender. Talvez eu me recuse.

Como? Por quê? Um homem tem em sua empresa pessoas que sabem e são capazes de resolver problemas gigantescos que hoje sacodem e arriscam os negócios. Seu orgulho o faz ignorá-las. Ele evita diálogo. Isto faz sua empresa padecer ao longo de meses.   Paga um preço imenso por permanecer na indiferença e passividade a todo este potencial. Perde negócios, clientes, canais de distribuição, competitividade, força da marca e mais. Perde o respeito e a moral. Perde o poder. E não sendo bastante, move-se sobre o caminho que crê ser o melhor, delegando a solução a pessoas incompetentes, que atuam com métodos ineficazes e fracos, mas que satisfazem sua patologia recôndita.

O tempo passa. Ele analisa, perde-se em pensamentos medrosos e covardes, e prossegue fazendo questão de ignorar o que é  remédio para seu estorvo encoberto.

Sei explicar. Mas recuso-me a entender. Neurose? Perversão? Ou psicose? Seriam possíveis resultados que apenas justificam o status quo. A pergunta é: quais as causas? Lá vem Freud com as questões de mãe etc.  Este é um caso particular de pai, alimentado por um desejo enorme de autoafirmação, de ser o que não é. Demanda elevadíssima carga de energia, afinal, parecer é muito mais pesado do que ser. E com ele é exatamente isso: parece, mas não é. Parece empresário,  moralista, parece realizador,  forte,  pragmático, parece decidido,  formador de equipe,  influente e inspirador, parece bem relacionado. E o que é? Medroso; indeciso; sabe o que fazer e até ensina, mas não faz; manda muito bem; mas não cumpre; exige exemplos, mas os dá. Seus resultados são e continuam sendo médios.

Há milênios o orgulho destrói o cerne do valor humano. No entanto, recusamo-nos a resistir e superá-lo. Curvamo-nos diante dele e o servimos como a um deus -   de alma,  mente e corpo. Isso nos destrói.

Nada há pior que ver um homem morrer de fome cercado de vinho, pão e azeite, dos quais recusa-se a tomar para si  e salvar-se por teimosia ou razões que lhe sejam justificáveis.  Sejam quais forem tais motivos, isto é o orgulho! E ele morrerá de seu orgulho.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473