16 de fev. de 2010

DÊ INFORMAÇÕES CORRETAS - NÃO "CHUTE"

Quem presta informações precisa ter certeza do que fala, sob risco de deturpar fatos e conduzir pessoas a um caminho duvidoso.


ABRAHAM SHAPIRO

Eu assistia à palestra de uma professora de Psicologia dia desses. Ela falava de um dos maiores psicólogos de todos os tempos, Viktor Frankl – um psiquiatra austríaco cuja maior parte da obra e pensamento foram desenvolvidos num Campo de Concentração onde, preso pelos nazistas alemães simplesmente pelo fato de ser Judeu, criou a Logoterapia, movimento psicológico conceituado como um dos mais importantes do século XX.

Não é meu interesse falar sobre Frankl.

A professora a quem me refiro, fazendo questão de mostrar seu suposto grande conhecimento como objeto precioso numa vitrine de museu, virou-se ao público, a certa altura da maçante e sacal palestra, e afirmou que Viktor Frankl via as pessoas serem levadas às câmaras de gás rezando o Pai Nosso.

Como a arrogância é traidora!!! A tal professora - qualificada como mestre, doutora, PHD e sei-lá-o-quê mais - ou conheceu Viktor Frankl através de um almanaque de farmácia, ou apenas ouviu sobre ele e, de última hora, achou que pudesse engambelar uma platéia a quem julgava idiota e mal informada com um dado comovente criado de última hora.
Judeus não rezam o Pai Nosso, que é, talvez, a mais importante prece cristã.

Vamos ao nosso alvo. Informação é algo perigoso que nunca vale citar aproximadamente. Ou faz-se com precisão, ou jamais se inventa apenas para “causar boa imagem”. Por quê? A vida ensina que sempre há alguém que conhece o assunto com exatidão e, consequentemente, evidenciará a tentativa de engano.

Não desejo criticar a gafe da eminente professora cheia de títulos, apesar de estar ciente de que já o fiz, mas aconselhar meus queridos leitores a atentarem para uma regrinha básica: “Ao dar informações, seja objetivo, preciso e claro. Não invente, não chute e não jogue com a sorte. O risco é caro demais”.

Finalmente, vale informar que a palestra começou com cerca de 300 pessoas na platéia. Ao final, meia dúzia de gatos-pingados ainda permanecia. Entre eles, este que aqui vos escreve – um panaca que vive aceitando convites para eventos medíocres e que invariavelmente sai arrependido pelo grande amadorismo com que tanta gente leva a vida e o trabalho.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473