25 de fev. de 2010

NÓIS MERECE!

Chegou a hora da sociedade promover uma otimização no calendário. Há feriados demais, e não seguem a critérios racionalizados. Alguém precisa fazer alguma coisa para aumentar a eficiência do trabalho neste país. 


ABRAHAM SHAPIRO

A coisa funciona mais ou menos assim: o mundo civilizado planeja o ano por volta de outubro e novembro. Dezembro e janeiro são meses com foco nos contratos que garantirão as transações do novo ano. Exceto no Brasil. Com brasileiros é diferente.

Um país com necessidades tão urgentes  permite-se o luxo de interromper suas atividades gerais  de 20 de dezembro a 5 ou 7 de janeiro; retorna a menos de 50% de sua capacidade após este período, e quando chega a quinta-feira de carnaval - se é que esta data existe - suspende todos os trabalhos, para reiniciar só na segunda-feira da semana seguinte. Esta, aliás, é a efeméride psicológica real do Ano Novo nacional. Mas, não se precipite. O regresso  se dá aos poucos, afinal, ninguém é de ferro.

Qual a razão das pessoas de bem não promoverem uma campanha para mudar este padrão daninho no qual perde a economia  e o comportamento de todo um povo? O trabalho dignifica e concretiza esperanças, já que boa intenção é pouco e todo mundo sabe que, sozinha, não funciona. Mas no pensamento nacional, o softare instalado é uma orgia que vem se transformando crescentemente em pressão de consumo sobre classes de baixo poder aquisitivo.  Já que carnaval, de fato, só acontece na televisão em grande parte dos municípios brasileiros, viagem à praia é a opção. Pessoas levantam empréstimos monetários para cumprir este compromisso frente a amigos, parentes e vizinhos. Ouvi uma jovem senhora comentar com o marido: "Eu é que não vou pagar o mico de dizer que não tivemos grana para passar uma semana em Santos".

O carnaval pode, sim, justificar o movimento de negócios em torno do turismo em centros tradicionais da festa, como Recife, Salvador, Rio de Janeiro e outros. Mas, conceitualmente, carnaval  não existe em todos os demais lugares.   Em todos  outros lugares a festa não passa de arroubos toscos e caricatos de pequenos desfiles ou de uma mera menção no calendário.

Há outras situações emblemáticas e até engraçadas. Quem celebra santo padroeiro? Como se celebra isto? Efetivamente de não outro modo que não com cerveja e churrasco. Não sou cristão, mas posso garantir que os céus serão mais louvados com menos consumo alcoólico e queima de combustível inútil. É diversão demais para um povo cuja maior necessidade é trabalho.

Vamos faturar! Até quando pensaremos como produtores de commodities?   Podemos fazer mais e melhor. Existe sucesso além disso

Perdoem-me os conservadores. Eu opto por um movimento de otimização do calendário. Sejamos coerentes, vamos trabalhar.

Aos farofeiros, vai aqui minha mensagem: praia com a vida ganha e dinheiro na conta é diversão verdadeira, e todo mundo merece. O que não dá para entender é a razão de tantos assumirem o direito de viagem e conforto quando suas famílias não têm casa, nem saúde, a educação dos filhos é uma falácia e a aposentadoria das  três próximas gerações está irreversivelmente falida!
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473