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Ano que vem, 2012, será o 75º aniversário da explosão do dirigível Zeppelin Hindenburg.
Foi uma das maiores tragédias da primeira parte do século XX – especialmente pelo fato de o terrível espetáculo da explosão e do fogo ter sido registrado em filme pela Paramount. O documentário foi mostrado em cinemas por todo o mundo, chocando suas platéias e pondo fim à idéia de usar dirigíveis como um meio de transporte aéreo (você pode ver o que eles viram em: http://tinyurl.com/hindis).
Se perguntarmos a alguém familiarizado com o incidente: “Por que o Hindenburg explodiu?”, a pessoa provavelmente responderá: “Porque o dirigível usava hidrogênio para flutuar ao invés de hélio; o hidrogênio é um gás volátil e acabou explodindo!”
Agora, lhes pergunto: como se sabe de tudo isto? É uma crença - um ponto intermediário entre a ignorância e a sabedoria: quanto mais evidências a pessoa tem, mais forte a sua crença? É fé - uma emoção que nos leva a tirar conclusões? É algo que aceitamos da sociedade?
É importante saber o motivo pelo qual acreditamos naquilo que acreditamos. Tomamos como verdade o que geralmente são boatos ou conceitos populares equivocados. Talvez não nos faça a menor diferença a causa da explosão do Hindenburg, mas ela demonstra como, às vezes, pensamos que sabemos algo com certeza, mas não investigamos o suficiente para saber os fatos.
Eis a história do que aconteceu com o Hindenburg (de acordo com um fabuloso artigo publicado na revista do museu Smithsonian: “Air & Space Magazine”, abril/maio 1997): o gás hidrogênio teve pouca ou nenhuma participação no incêndio! A cobertura externa com mais de 6 acres (cerca de 24.000 m2 ), feita de celulose impregnada com alumínio e outros produtos químicos foi o que queimou. Como sabem disto?
1) O fogo era multicolorido ‘como rojões’ - a chama do hidrogênio não tem cor;
2) As chamas queimaram para baixo e com fumaça - o hidrogênio teria queimado para cima e sem fumaça;
3) Se o hidrogênio tivesse explodido e queimado, o “nariz” da nave teria virado para o chão ao invés de se manter para cima;
4) O Laboratório de Ciência dos Materiais da NASA recentemente reproduziu as condições atmosféricas do momento e usou um pedaço original da cobertura do dirigível -- ela se queimou e desapareceu em segundos;
5) O engenheiro elétrico do Zeppelin, Otto Beyersdorf, escreveu em 28 de junho de 1937: “A verdadeira causa do incêndio foi a extrema e fácil inflamabilidade do material da cobertura, que acabou queimando devido a descargas de natureza eletrostática”. Ele também reproduziu o acidente em seu laboratório (seu relatório foi recentemente tornado público pela companhia Zeppelin).
Parece que a companhia Zeppelin achou que culpar o gás (que eles já intencionavam trocar pelo Hélio, de qualquer forma) causaria menos prejuízo do que revelar a imperfeição do material da cobertura.
Nós, o público, fomos desorientados com esta manipulação de informações!
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473