5 de mai. de 2010

O SENTIDO DOS NOSSOS SENTIDOS

ABRAHAM SHAPIRO

Você sabia que na antiguidade, no Oriente Médio, um juiz que julgasse uma causa entre um rico e um pobre devia falar em particular com o rico pedindo que vistisse o pobre com roupas como as suas, ou que se vestisse roupas mais humildes? Só após isso o caso podia ser julgado.

A razão é que o juiz podia ser influenciado pelo status do rico perdendo, assim, a imparcialidade obrigatória nesta situação. Por outro lado, poderia também sentir pena do pobre, e tornar-se favorável à sua causa.

Estranho, não? Sim, já que o juiz sabia anteriormente que o rico é rico, e que o pobre é pobre. Sabia o tempo todo com quem estava lidando! Neste caso, a pergunta mais óbvia é "qual a razão desta exigência esquisita e misteriosa de trocar vestimentas ter vigorado, na prática, por tantos séculos, e ter se transformado num fundamento ético que perdura até os nossos dias?

A resposta é surpreendente como a própria regra, e relaciona-se com o modo como devemos interpretar os nossos sentidos.

A visão tem um poder único. O cheiro de uma loja, por exemplo, pode ser fantástico influenciador na decisão do cliente. O som ideal, idem. Mas nada é tão imediato e penetrante quanto a visão.

Quem nunca ouviu que é preciso ver para crer? A visão é o poder mais imediato e profundo sobre nossas crenças e convicções. Você pode cheirar, ouvir, tocar, sentir sabor, mas tudo pode não significar nada até que tenha  visão clara, iluminada e colorida do que quer que seja. Ao ver, sua tendência de acreditar amplia-se à potência enorme, mesmo quando você sabe que o que está vendo não é verdadeiro.

Hoje sabemos o quanto as propagandas influenciam. Qualquer uma tem este poder - tanto as que são criadas só para vender mais, quanto as que educam o consumidor sobre os benefícios do produto. Tomemos como ilustração a guerra dos sabões em pó na televisão. Cada marca quer provar que lava mais branco e melhor. Como fazem isso? Demonstrações visuais. As pessoas compram impulsionadas por estes demonstrativos. Muitas ilusões visuais são subconscientes e não temos domínio  nem discernimento sobre elas. O simples fato de ver, já nos convence ou nos comove. Em seguida, o que fazemos? Compramos.

A natureza humana  funciona de um modo muito interessante. A prova? Que tal esta: “O que os olhos veem, o coração sente”?
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473