26 de mai. de 2010

O PARADOXO DA VELOCIDADE

ABRAHAM SHAPIRO

Quantas empresas não estarão vivendo neste momento um difícil dilema entre aumentar a produção e forçar sua estrutura de vendas a escoá-la no mercado, ou criar condições melhores para que os canais de vendas dêem maior ritmo à produção? Quem deve ser a locomotiva? A fábrica ou o departamento de vendas?

Este é o chamado Paradoxo da Velocidade.

Aumentar a produção até os patamares desejados, de fato, pode dar a impressão de que a velocidade aumentou. Mas irá derrubar o valor ao longo do tempo – refiro-me a produtos e serviços de menor qualidade.

Por outro lado, melhorar as ações dos canais de vendas pode aumentar as despesas momentâneas, mas, no curto e médio prazos, garantirá consistência de mercado e força da marca. Isto é vantagem competitiva real.

É claro que há mais situações em jogo aqui. Mas observe que na atividade de qualquer empresa sempre existe uma diferença entre a velocidade que os seus gestores julgam necessário imprimir e a velocidade com que o negócio realmente se move. Ainda mais em tempos de alta demanda.

Velocidade operacional não é o mesmo que velocidade estratégica. No primeiro caso, trata-se apenas de agir com rapidez. No segundo, o foco está sobre a entrega de valor.

Cuidado com o canto da sereia do ritmo acelerado. Empresas que atuaram sem nenhuma trégua para tentar obter vantagem, terminaram com receita e lucro operacional menores do que aquelas que pararam em momentos cruciais para se certificar de que estavam no caminho certo. O pecado, portanto, é sacrificar momentos dedicados à análise de situações que fazem a diferença no processo decisório.

Quem decide a velocidade são os líderes. Se a decisão se fundamentar na lucidez, o resultado será benéfico à consecução das metas. Se for imediatista e conturbada, o resultado será desastroso.

Em qualquer visão o foco é a chave. O comportamento estratégico ideal é desacelerar. E não o contrário. As grandes visões não costumam saltar ao nosso encontro. Elas exigem reflexão, ou seja, pare, olhe, ouça e, então, analise bem antes de enquadrá-las.

PS: Não digam depois que não avisei!
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473