28 de abr. de 2010

A FRUSTRAÇÃO E SEUS EFEITOS - PARTE 1

ABRAHAM SHAPIRO

O seo Durval era o tipo de chefão exigente, rigoroso, que gostava de barrar as pessoas em seus objetivos de crescimento na empresa especialmente para mostrar a elas que ele detinha o poder sobre os seus destinos. Gostava na realidade de brincar de ser deus, ao mesmo tempo que se dizia justo e correto.

O pessoal de seu grupo de trabalho era o mais violento da empresa. Não importava quantos fossem substituídos, depois de um tempo, todos tinham medo de se aproximar do Durval e de tocar no bendito assunto dele os impedir de crescerem na hierarquia da empresa ou de terem outras formas de reconhecimento.

Seus subordinados  apresentavam os maiores índices de quebra de máquinas e equipamentos por razões não usuais. Seria proposital? Estes homens levavam uma vida bastante infeliz, no geral, mantendo constantes discussões com suas mulheres, batendo em filhos, dizendo palavrões ou mantendo com os colegas um nível agressivo de brincadeiras pesadas.

Fomos consultados a respeito de qual a razão deste agrupamento de funcionário ser uma exceção no comportamento de toda a empresa, sendo seus membros os responsáveis pelos maiores problemas nas relações interpessoais. O RH não tinha sucesso em nenhuma das ações até então empreendidas para melhoria da vida e do trabalho daquelas pessoas.

Depois de uma boa pesquisa, descobrimos que a causa de tudo era o próprio chefe Durval. Nada a ver com o seu papel de justiceiro severo ou exigente quanto aos padrões de qualidade nos trabalhos de sua área, mas sim, por ser ele "uma parede intransponível" na carreira daqueles colaboradores.

Frustração é o que ocorre com qualquer pessoa cuja realização de um objetivo seu é bloqueada. E se o bloqueio continua, poderá aparecer comportamentos irracionais de várias formas como consequência.

Uma frustração crescente converte-se em agressão, hostilidades ou outras manifestações destrutivas. Quando isso ocorre, o indivíduo dirigirá sua hostilidade contra o objeto ou pessoa que, no seu entendimento, constitue a causa de sua frustração.

Um funcionário encolerizado – como era o caso do pessoal do Durval – pode tentar atingir seu chefe ou prejudicar o trabalho dele gerando boatos, maldades e problemas inimagináveis. Vai depender só da criatividade de cada um.

Outras manifestações podem acontecer. Mas estes assuntos serão explorados em outras ocasiões.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473