15 de mar. de 2010

QUEM GANHA MAIS?

O artigo abaixo foi extraído da coluna Profissão Atitude, publicada às segundas-feiras no JL - Jornal de Londrina - um dos melhores jornais do país. Interessados em remeter feedbacks à redação, faça-o através do e-mail:  leitorjl@jornaldelondrina.com.br 

ABRAHAM SHAPIRO  - especial para o JL - Jornal de Londrina, publicado nesta data

Olhe à sua volta! Você encontrará gente que fala coisas e gente que faz coisas. Nunca são as mesmas pessoas. Os que falam são invariavelmente mais bem pagos do que os que fazem. Aliás, esta é uma pista para perceber a importância da palavra falada.

Há um método bastante útil e curioso para se saber a posição que uma pessoa ocupa dentro de uma organização. Consiste em avaliar quanto de seu dia ela gasta falando, e quanto fazendo. À medida que se sobem os níveis do organograma esta proporção altera-se rapidamente.

Suponha os seguintes comentários: “Alex é um bom trabalhador. Mas jamais será cabeça”, “Márcio tem visão de todo o cenário. Ele vai para o topo”. O sentido por trás das palavras destas duas frases é, sem sombra de dúvidas, “Márcio é um exímio administrador porque fala bem”, enquanto “Alex pode continuar servindo fielmente em nível hierarquicamente inferior, porque executa bem”.

Conclusão: quem faz trabalha mais. Ganha mais quem fala mais.


FALA, FALA, MAS NÃO DIZ NADA

Falar, não é tudo. Na verdade, é quase nada. Falar demais é prolixidade, verborragia, verborréia de pouco conteúdo ou importância.

Falar e dizer não são sinônimos. No dicionário sim. Porém, não na prática.

A fala é um dos primeiros hábitos que o ser humano adquire. Ter alguma coisa para dizer e dizê-lo com eficiência é um dos últimos. Exige muitas das mais altas habilidades a que os homens aspiram – especialmente o raciocínio. Acha-se tão distante das capacidades comuns que a maioria das pessoas que gostam de falar nem de longe tem consciência de que ainda não possuem este dom ou habilidade.

Você duvida? Provavelmente é porque ainda não levou a bordoada de ouvir um daqueles palestrantes caça níqueis lutando para comunicar uma ideia a que se propõe discorrer utilizando uma avalanche de lugares-comuns, o relincho de metáforas e historietas retorcidas e uma tempestade retumbante de generalizações vazias. Falar é exatamente isso.

Quem fala muito torna-se hábil em esconder, confundir, intimidar, embasbacar e outros verbos da mesma categoria. Rarissimamente se consegue instruir, informar ou inspirar falando – mas sim dizendo.

Em seu estado geralmente ineficiente, a fala é um dos principais e maiores riscos a que se expõe todo negócio. Ela é causadora de brigas, enganos, perda de tempo, desentendimentos e caos. Na vida, ídem. Observe, por exemplo, o volume de conversa fiada que toma grande parte do mau desempenho dos funcionários em uma empresa. Ou ainda, como é comum as pessoas levarem meia hora para dar uma opinião que em uma única sentença objetiva seria suficiente.

Wodrow Wilson, presidente dos Estados Unidos, disse: “Se eu for falar por dez minutos, precisarei de uma semana de preparação; se quinze minutos, três dias; se meia hora, dois dias; se uma hora, estou pronto agora”.

O que falta? Preparo. Treinamento. Prática. Verdade pura, pois, como instrui a sabedoria “Quem tem muito a dizer, fala pouco”.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473