Betania
Tanure
O ano começou.
Para quem ainda não fez a necessária reflexão sobre sua vida, seu trabalho e
sua carreira, este é o momento. É preciso pôr na balança os prós e contras de
sua experiência e de suas escolhas e fazer planos - ou melhor, decidir sobre o
que mudar.
Não quero aqui
considerar o risco de seus planos evaporarem no calor do verão brasileiro.
Prefiro ter em conta que você, executivo de sucesso que tão bem planeja e
constrói o futuro da sua organização, também será bem-sucedido no planejamento
e na construção da sua própria vida. É o mínimo que se pode esperar ou, pelo
menos, desejar.
Para essa
reflexão, podem ser muito úteis alguns dados obtidos nas últimas pesquisas que
realizei entre executivos das melhores e maiores empresas brasileiras. Em um
desses trabalhos, esses profissionais revelam, por exemplo, que 41% do seu
tempo é mal utilizado e, ainda, voltado a atividades que não agregam valor à
empresa. Além disso, complementam: caso deixem de realizar tais atividades,
nada acontece.
Incrível esse
número, não é? Aliás, ele só tem crescido ao longo dos últimos anos. Em nível
semelhante, aumentou o grau de insatisfação com o equilíbrio entre vida pessoal
e vida profissional. E não se assuste: para 36% dos executivos, o volume de
trabalho vai subir ainda mais em 2012. Difícil negar a relação desses dados com
o crescente número de executivos que usam medicamentos para "dormir"
e para tenta lidar com a ansiedade e a depressão típicas do dia a dia do
ambiente empresarial de hoje.
No geral, os
desafios profissionais e os resultados gerados para as organizações crescem
consistentemente - mesmo que em alguns casos o desempenho empresarial deixe a
desejar, entrando no que chamamos de subdesempenho satisfatório.
Ao mesmo tempo,
como vimos em outra pesquisa, na qual utilizamos uma de nossas metodologias de
apoio a processos de transformação cultural, um número significativo de
executivos desse mesmo grupo de empresas considera que as relações autoritárias
têm presença muito forte em seu ambiente de trabalho e dificultam a
meritocracia e o "accountability". Os entrevistados apontam também
que o autoritarismo é a característica mais indesejável da cultura organizacional
e que deveria ser eliminada.
Soma-se a isso
a grande preocupação dos nossos executivos com a situação macroeconômica, com a
volatilidade, com o fato de estarmos vivendo uma "bolha" e com o
ambiente de incertezas.
O fato é que
nessa esfera a atuação direta do executivo é mais limitada. O que ele tem a
fazer é se preparar e preparar sua empresa para os novos tempos. Portanto,
minha sugestão é que ao fazer sua reflexão você deixe momentaneamente essas
preocupações de lado, ocupando-se apenas do que está sob seu controle.
Ao analisarmos
de forma cruzada todos esses dados, uma conclusão parece óbvia: você,
executivo, precisa retomar - ou tomar - as rédeas das suas escolhas. Afinal,
não há sentido em reclamar que falta tempo para a vida pessoal se 41% do que
você faz não agrega valor ao negócio. Onde está seu poder decisório? Onde estão
suas escolhas? Lembre-se de que o tempo é o mais escasso dos recursos da era
contemporânea.
Enfim, 2012 só
começou. Abre-se uma oportunidade maravilhosa para você refletir com responsabilidade
e agir. Não vale fazer da empresa, da cultura, do chefe, ou mesmo da situação
macroeconômica do país, os grandes responsáveis pelos seus problemas.
Certamente, boa parte deles você não conseguirá mudar sozinho. Mas tente se
concentrar na parte que lhe pertence. Aquela sobre a qual você é o maior, senão
o único, responsável.
A escolha é sua
de estruturar as bases para que seu ano continue a ser tão produtivo tanto do
ponto de vista empresarial quanto do pessoal. Vá além de seus planos. Boa sorte
e mãos à obra!
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