22 de fev. de 2014

AUTOBIOGRAFIA BREVE

ABRAHAM SHAPIRO

Sou um estudioso. Gosto e me orgulho deste atributo cujo incentivo é uma herança dos meus pais e antepassados.
Estudo uma diversidade de assuntos – da minha religião à ciência, passando pela filosofia, tecnologia, assuntos de gerenciamento e pessoas.
Meu maior esforço em empregar na prática o que aprendo concentra-se sobre mim mesmo, pois, encaro a vida como uma jornada de aprendizagem. Viver, como ensinou meu mestre, é aprender a viver. Mas a sabedoria é infinita, enquanto eu sou humano, falível e, por isso, carente de constantemente melhoria. Não pretendo assimilar tudo o que estudo. Seria mais que presunção. Talvez arrogância.
Mas a ética local não funciona assim. Deste lado do mundo são muitas as pessoas baixas. E elas encaram os estudiosos ou quem se destaca em algum conhecimento como indivíduos obrigados a ser o que elas mesmas não são. Hipocritamente exigem comportamentos rotulados do rabino, do padre, do juiz e do professor, entre tantos outros. Se não fazem o que elas julgam correto, caem em desgraça.
Dia desses, alguém pensou me afrontar afirmando que eu não vivo nem a metade daquilo que me proponho a comunicar através dos meus textos ou a ensinar a meus alunos. Fiquei surpreso. Primeiro porque o fulano não me conhece, jamais me viu, nem nunca trocamos uma só palavra. Certamente ele sabe de mim tanto quanto eu sei sobre seu pai – mesmo lidando com a alta probabilidade de que nem ele mesmo saiba quem é seu verdadeiro pai.
Em segundo lugar, não foi seu julgamento maldoso que despertou minha atenção, mas o fato dele ter-me reputado muito, mas muito acima dos meus reais limites. Eu, decerto, não consigo praticar nem 10% de tudo o que estudo e ensino. A metade? Quem me dera! Até porque sempre fui franco com todos em dizer e esclarecer que não sou um pregador exemplar ou messiânico.
O ponto em foco aqui é a inveja. Um dos comportamentos padrões do invejoso consiste em criar situações que depreciem o ser invejado. Com isso, ele o rebaixa a seus próprios olhos e divulga esta visão a outros, obtendo, assim, a falsa sensação de igualdade. O que ele busca é aliviar a dor de existir alguém sobre o planeta a quem ele pensa ser melhor ou superior.
Aquele indivíduo estúpido e derrotado pensou que me afetaria ao prevenir alunos meus de que não vivo grande parte do que os ensino. Acontece que 1% daquilo que aprendi daria a qualquer homem condições suficientes para salvar das trevas da ignorância a si mesmo e a toda a humanidade. O cuidado que tomo, todavia, é que, cada vez que um Judeu se propõe a salvar a humanidade de qualquer modo, imbecis e boçais como aquele incompetente surgem do nada, e vão logo dando jeito de matá-lo ou de maldizê-lo.
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é "simplicidade". É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome". E-mail: shapiro@shapiro.com.br Fone: 43. 8814.1473