14 de jan. de 2013

É COMPLICADO? USE UMA NAVALHA

Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 14/01/2013, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos.

ABRAHAM SHAPIRO


Sempre gostei da simplicidade. Como consultor, atuo de modo simples. Os norteamericanos também adoram isto. Eles dizem: “Não seja burro, faça as coisas de modo simples”. É lógico, complicar é estupidez.
“Tudo deve ser feito da forma mais simples possível, mas não mais simples que isso”, disse Einstein. Mas a ideia da simplicidade tem tudo a ver com um frade franciscano do século XIV. Seu nome: William of Ockham –  ou Guilherme de Occam.
William estudou e lecionou na Universidade de Oxford. Foi um ícone na virada do pensamento escolástico medieval em direção ao pensamento científico e, por conta de suas idéias pouco ortodoxas, foi convocado pelo Papa para se explicar. Por seu apoio à ala extremista da Ordem Franciscana que se opunha à riqueza da Igreja, acabou excomungado e fugiu para a corte de um rival da igreja em Munique,  onde viveu até sua morte.
Foi este religioso católico quem traçou uma linha divisória entre a fé e a razão, e se imortalizou por meio de argumento conhecido por “Navalha de Ockham”, que orienta a decidir entre várias explicações de um mesmo fato observado. Nestas circunstâncias, a explicação mais simples é a correta. E se uma explicação simples basta, não há necessidade de buscar outra mais complicada.
Explicação mais simples não significa mais fácil. Não se trata de descartar hipóteses só porque são difíceis de entender. A proposta é que sejam desconsideradas as hipóteses que, em igualdade de condições com outras, possuam mais suposições ou pressupostos. É claro, pois conjecturas aumentam as chances de erro.
Na prática, imagine que você vá apresentar os objetivos da função de um novo colaborador da sua empresa. Como consultor, aconselho que você se prepare bem para este momento. Porém, opte pela explicação mais simples para realizar esta apresentação. Você verá que isto é mais eficaz.
Habitue-se a expressar pensamentos com simplicidade. Corte os excessos. Evite premissas não provadas, pois podem produzir interpretações duvidosas. Assim é que se usa a Navalha de Ockham.
Gestão requer simplicidade ininterrupta, consciente e convicta, e não complexidades. Saia fora de discussões orgulhosas e vaidosas que só agravam e impedem o entendimento.
O simples produz paz. O complicado pesa, desgasta e inviabiliza qualquer processo.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473