3 de set. de 2014

NÃO NOS COMUNICAMOS COMO DEVÍAMOS

ABRAHAM SHAPIRO

Algo que li no Facebook:
“Fiquei sem Internet por meia hora. Descobri que há pessoas morando aqui em casa. Até sentei-me à mesa com eles. Acho que é a minha família!”
Isso me lembra a história de um jovem que se aproximou de seu mestre e lhe disse que se tornara cocheiro. O mestre retrucou:
- Sua cabeça estará ocupada com cavalos a partir de agora. Portanto, me parece que você fez da sua mente um estábulo”.
Tenho buscado entender o que acontece com esta geração que passa as horas de cada dia e noite navegando no  Facebook, Whatsapp e outras mídias sociais.
É ilusão pensar que as pessoas se comunicam só porque alguém, há alguns anos, decretou a Era da Comunicação, ou porque a Internet nos oferece mais condições de interação através de ferramentas de tecnologia. Grande parte das pessoas tem acesso a tudo isso, sim, mas a qualidade da interação não acompanha. Sabe por que? A comunicação depende muito menos de ferramentas do que do estado mental dos interlocutores ou de seu preparo para isso.
A comunicação começa com a predisposição de se comunicar. E também exige preparo. Quero dizer que a comunicação ideal acontece quando existe o desejo de se comunicar e a pessoa prepara sua cabeça para ver, ouvir e entender. Não se trata apenas ter e usar usar um aplicativo no computador ou celular.
Aquele jovem cocheiro ficaria, conforme predisse seu mestre, tão concentrado em cavalos que sua mente se converteria literalmente em um estábulo.
Nós enquadramos tudo o que ouvimos e lemos aos nossos vícios de raciocínio, à nossa rotina e ao que fazemos – por insistência ou por necessidade. Trata-se de um desafio muito positivo romper essas linhas habituais de pensamento, os nossos padrões e condicionamentos com novas formas de ver, ouvir, falar e consequentemente, de entender e interpretar. Isto seria desenvolver a real habilidade de corresponder ao que a tecnologia nos disponibiliza e dominá-la.
Há mais ou menos dois mil anos, alguém já disse que “a boca fala daquilo que o coração está cheio”. É por aí!
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é "simplicidade". É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome". E-mail: shapiro@shapiro.com.br Fone: 43. 8814.1473