9 de jul. de 2014

DEUTSCHLAND ÜBER ALLES

ABRAHAM SHAPIRO

Não foi a Alemanha que ganhou da seleção brasileira. O nome do time que nos venceu é:  TREINAMENTO,  ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO, FOCO, POSTURA .... e mais uma porção nada breve de adjetivos que passaram longe do nosso time – galgado exclusivamente na propaganda, nos elogios dos meios de comunicação e no entusiasmo de um povo carente de verdadeiros líderes! 

Em resumo, estamos diante de uma lição profunda e definitiva para  gestores de empresas que acreditam em "efeitos especiais", motivação com autoconfiança e sorte nos resultados.

Conheço pessoas que ficaram de luto pela derrota do Brasil. Não só no dia do jogo. Continuaram no day after.  Ficaram com sua capacidade de trabalho abalada. Elas não conseguem ver que os jogadores ganham uma fábula em dinheiro para dar o melhor de si. E o foi que fizeram?  Ficaram "se achando” só no pagode!
Agora talvez saibam que ninguém vence só com crença ou pensamento positivo.

O selecionado brasileiro ficou no entusiasmo. Aliás, esta é uma marca nacional: “Vai que dá!”, "Vai que é sua"! É "rei" daqui... "Salvador ou santo" de lá. Não. Não dá!

Os alemães foram inteligentes. Investiram esforço acima do normal. Fizeram tudo o que podiam, pois sabiam que, além do time oponente, enfrentariam a torcida fanática. E para somar algo mais a seu visível comportamento de alto nível, nossos adversários históricos portaram-se de modo surpreendentemente humilde e cortês com a Nação Brasil.

Sem planejamento, sem cálculo dos recursos reais com que se pode contar para a busca dos objetivos, não dá e nunca dará!

Condições de fazer o melhor, o grupo brasileiro tinha. De sobra. Eles são bons individualmente e formavam um bom grupo. Porém, grupo não atinge metas. Equipe, sim. E este é o maior desafio da gestão em qualquer nível ou atividade.

A propaganda foi tanta e os elogios tão intensos que a fé dos meninos em si mesmos foi lá para cima. E a lição marcante que ficou foi: excesso de autoconfiança desvia os olhos da necessidade de melhoria contínua, afinal, "eu sou bom", “eu posso” e “essa já é nossa” são pensamentos que só saem de cena depois que o adversário mostra que perdemos tempo demais à frente do espelho.
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é "simplicidade". É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome". E-mail: shapiro@shapiro.com.br Fone: 43. 8814.1473