18 de mar. de 2014

FAZER GRACINHA OU SER PROFISSIONAL SÉRIO?

ABRAHAM SHAPIRO

O modesto comerciante enriqueceu e quis entrar na roda cultural de seu lugar. Investiu grande soma de dinheiro em livros variados com que encheu as prateleiras da biblioteca de sua mansão. Certo dia, durante a visita de um amigo a sua casa, este lhe pergunta qual livro ele gostou mais. E o comerciante responde:
- “Não posso dizer. Eu não sei ler.”
Empresários que crescem, mas não se desenvolvem, fazem questão de certas coisas sem, muitas vezes, nem saberem pra quê servem.
Um desses, outro dia, abordou-me e disse estar contratando um RH. Eu lhe perguntei qual perfil desejava. E ele:
- “Perfil de RH”.
Questionei novamente:
- “Para quais necessidades exatamente o senhor gostaria de contratá-lo?”
Fez um silêncio, e falou:
- “Para ser o RH da minha empresa”.
A conversa já me soava absurda, quando, buscando clareza, eu insisti:
- “E o que o senhor imagina ser o trabalho de um RH?”.
Então, ele abriu seu pensamento, e me surpreendeu:
- “Para responder isso vou precisar do senhor e da sua consultoria, porque não sei bem o que faz um RH. Mas preciso de um!”.
Eu o agradeci por ter sido franco. Outros apenas querem, e até conseguem o que acham precisar. Mas não sabem para quê e nem como utilizar. O que se segue a tais atitudes normalmente são asneiras bárbaras.
Aconteceu exatamente isso com treinamentos numa determinada empresa. Eles estavam “pela hora da morte” devido a um volume proibitivo de reclamações por mau atendimento geral de seus funcionários a clientes. O diretor havia lido numa revista de bordo que a solução estava em promover treinamentos. E realmente está!  Então ele investiu, e conseguiu retorno. Porém, tão logo superada boa parte dos problemas, ele inexplicavelmente interrompeu as ações sob a desculpa inconsequente de tratar-se de uma despesa desnecessária. Hoje, ele amarga prejuízos e até a perda de saúde pelo alto nível de ansiedade e desequilíbrios emocionais colhidos da bagunça em que se transformou sua empresa.
Como se vê, talvez D-us dê, sim, asas para quem não sabe como elas ajudam. Mas a verdade é que esses “patos” acabam, cedo ou tarde, engolidos como presas fáceis por predadores espertos. Só que, nesta hora, de nada adianta lamentar-se por aquilo que podiam aprender, mas jamais julgaram importante: saber voar!!!
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Abraham Shapiro é consultor e coach. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é "simplicidade". É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome". E-mail: shapiro@shapiro.com.br Fone: 43. 8814.1473