ABRAHAM SHAPIRO
A
GRANDE ESCULTURA
Imagine que um dia um escultor lhe
contrate para ser uma obra de arte nunca antes vista.
Ele tem um pedaço de madeira gigante
e irá esculpir nele cada ação que você empreender durante o dia. Ele o fará por
uma semana e ao final, ele vai mostrar o resultado. Você verá absolutamente
tudo o que fez durante aqueles sete dias detalhadamente esculpido na madeira: todas
as vezes que você foi bom com as pessoas e também as faces de todos os que se
entristeceram com você. E assim você verá todos os detalhes desta semana.
E agora a escultura é sua. Ela lhe
representa completamente, com um nível de detalhes impressionante, momento a
momento de toda a semana.
Uma das razões porque não temos
êxito nos desafios que a vida nos apresenta é que não damos importância
suficiente às nossas respostas a estes desafios. Não nos damos conta da
importância que têm as nossas ações. Cremos que qualquer coisa que fizermos
será coisa do passado em poucos segundos após feita. E afinal, o que importa,
se ninguém vai se recordar do que fizemos? Talvez nem nós mesmos nos recordemos
mais disso.
Desvalorizamos tanto as nossas ações
que nem investimos o esforço suficiente em melhorar a nossa atuação.
Porém, as nossas ações, sim,
importam. E mais do que acreditamos.
NOME
A principal maneira de se conectar
com a singularidade de alguém é aprender seu nome. Um nome é um aspecto
intrínseco da identidade humana. Ao usá-lo, você estabelece uma conexão e
comunica interesse sobre quem é a outra pessoa. Não é possível manter uma boa
conversa com alguém que lhe é indiferente.
Um ser humano é real somente quando
você conhece seu nome.
Frequentemente nos esquecemos do
nome de alguém, e quando falamos com ele sem identidade, percebemos que isso nos
incomoda. O clima não é bom e a conversa não caminha bem.
Você tem tendência a esquecer nomes?
A chave para resolver isso é prestar toda atenção no momento da apresentação e
repetir o nome para si mesmo umas quantas vezes. Outra forma é usar a técnica
da associação mental. Por exemplo. Eu estou sendo apresentado a uma pessoa chamada
David Negro. Eu imagino o Rei David, da Bíblia, vestindo um traje todo preto.
Quanto mais estranha for a imagem, mais fácil será de você se recordar.
O
AMOR REAL
O que pode ser mais grandioso do que
amar alguém? Entendê-lo.
Quando digo ao meu filho que eu o
amo, mas não o entendo, então o que eu disse soa negativo, porque ele pensa:
“Você ama quem você crê que eu sou ou gostaria que eu fosse, porém, se
realmente você soubesse quem eu sou, talvez não me amasse”.
No entanto, se eu digo ao meu filho
que eu o amo e ele sabe que eu o entendo, todo o espectro de quem ele é vai
direto para a minha alma, e ele sente o meu amor por aquilo que ele realmente é.
O que significa “entender uma
pessoa”? Significa captar seu modo de ser, suas ações, seus pensamentos... ou
seja: sua identidade.
Todos nós temos uma identidade. Conhecê-la,
assumi-la, é o princípio da mais perfeita relação consigo mesmo, assim como
conhecer a identidade do outro.
“Ama o próximo como a ti mesmo” é a
lei de ouro da convivência e da paz entre os homens. E, no entanto, a Lei do
Amor nos diz que só é possível a alguém amar o seu próximo quando ele tiver
amor por si mesmo, isto é, a partir do instante em que eu reconhecer a minha
identidade plenamente e abrir-me para entender a identidade do outro.
IDENTIDADE
CORPORATIVA
Uma empresa tem uma identidade. Identidade
Corporativa ou Identidade Empresarial pode ser definida como o conjunto de
atributos que torna uma empresa especial e diferenciada.
Esses atributos são classificados como:
essenciais e acidentais.
Essenciais são os atributos que se referem
ao propósito da empresa, sua a missão e valores. Os atributos acidentais
contribuem para a descrição da empresa, mas não definem sua essência. Pode-se
entender melhor a diferença fazendo analogia com uma pessoa física.
A cor dos cabelos, o biotipo e as
roupas que ela está usando ajudam a descrevê-la, mas não definem sua essência.
A identidade se relaciona mais com
os atributos essenciais, ou aqueles que mudam muito pouco ao longo da vida
dessa pessoa, como: seu senso de justiça, seu pendor para as artes ou sua
introspecção.
Em uma empresa também é assim. Se
ela realmente é honesta, não há governos, leis ou ofertas irresistíveis que
farão mudá-la. Se valoriza o meio ambiente, sua preocupação aparecerá em todas suas ações. Porém, se ela está no início de um
projeto de expansão e com dificuldades financeiras, essa preocupação aparece
apenas como um atributo acidental, já que sofrerá variações importantes ao
longo do tempo.
A identidade corporativa se traduz e
se manifesta de várias maneiras: no logotipo da empresa, em suas comunicações internas
e externas, em seu ambiente de produção ou atendimento, no tratamento que dá ao
cliente, nas apresentações de seus profissionais, em seu material impresso, em seu
nome, portfólio de produtos etc. Todas essas manifestações contribuem para a
construção da imagem corporativa.
CONCLUSÃO
Segundo pesquisas, os profissionais
brasileiros são um dos que menos permanecem no emprego. Os últimos dados
apresentados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos, Dieese, mostram que, em
média, a permanência de um trabalhador em um mesmo emprego é de 5 anos, ficando
à frente apenas dos Estados Unidos em uma lista de 22 países.
Já um levantamento feito pela
consultoria Booz & Company mostra que, em 2012, 19,8% das empresas
nacionais trocaram seus presidentes-executivos. A média no restante do mundo é
de 15%.
Diante de tamanha rotatividade,
surge um problema comum dentro das empresas: como incutir os valores da
organização, sua política, na rotina de seus colaboradores e fazer que estes se
contagiem e sejam impulsionados a agirem de acordo com o que está estabelecido?
Quando uma empresa é criada no
imaginário de seu fundador, existe quase sempre um propósito maior do que
simplesmente ganhar dinheiro. Há um sonho, uma imagem de responsabilidade e de capacidade
de transferência de valores a clientes e parceiros bem próximos à utopia. E,
semelhante a um ser humano que cresce e se desenvolve em todos os aspectos, a
organização deve descobrir sua razão de ser ou missão, as crenças que regem
suas ações ou valores, e aonde quer chegar ou visão de futuro.
A política da empresa, portanto, é o
que dá significado ou sentido àquilo que os colaboradores fazem e farão diariamente.
É o grande diferencial que a torna atrativa aos clientes.
Envolver as pessoas no entendimento
destes pontos e em sua prática é uma meta de suma importância. Mas a questão
aqui é “como fazê-lo?”
Sem treinamento que esclareça e a
consequente prática cotidiana, todos os itens da Política Corporativa não
deixarão de ser, na melhor das hipóteses, palavras inscritas num quadro bem
impresso dependurado na parede de um ambiente chique das edificações da empresa
ou uma aba de sua página na Internet. E esta prática é condicionada principalmente ao
exemplo daqueles que ocupam os altos cargos hierárquicos, sem nenhuma exceção.
Não é raro ler em um edital que “a
empresa valoriza o profissional e suas ideias”. Porém, quando se vai ver, não
há nenhum canal de comunicação entre as diferentes hierarquias e tampouco algum
programa de incentivo a colaboradores para que manifestem o que pensam.
Outro ponto esquecido por diretores é
transmitir a seus colaboradores a visão de futuro da organização – isso quando
há visão de futuro. Mostrar quais serão os próximos passos a serem dados, o que
a empresa almeja e quais os resultados a serem conquistados, além de trazer melhor
entendimento do porquê das atividades, aumenta a confiança e o comprometimento.
Independentemente de seu porte, a
empresa deve progredir desde o patamar do grupo e chegar ao nível de equipe, com
um único pensamento e objetivo, quando os colaboradores “remam” juntos e assumem em si mesmos a
identidade da empresa. Neste cenário, eles terão incorporado a missão, visão e
valores da organização como seus próprios.
Enquanto o colaborador de todos os
níveis hierárquicos não se identificar como sendo a organização, em nível de “Eu
sou a Empresa”, ele não será equipe. Trata-se de um elemento insólito, cujas atitudes
não somam. Ele continua a não dar importância suficiente a sua participação nas
respostas aos desafios da organização. Ele não se dá conta da importância que suas
ações têm no contexto dos negócios. Por que atender bem, se isso é indiferente?
Só o que o fará vivenciar em atos o
valor a ser transferido à cadeia de escoamento de produtos e serviços até o
consumidor ou cliente final é o amor pela empresa. Este “amor real” pelo qual sou
capaz de amar o outro como eu amo a mim mesmo também ocorre nesta relação
colaborador-empresa.
O trabalho executado com amor, numa
empresa cuja identidade eu assumo como minha missão e meus valores é o que me faz
apto a integrá-la com paixão pela busca dos resultados que convergem à sua
visão.
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Abraham Shapiro é consultor e coach, com especialidade em Sucessão em Empresas Familiares como facilitador da relação entre sucessor e sucedido para que o processo transcorra em paz e com ampla capacitação do sucessor, e Gestão - orienta a empresa para organizar-se de modo a corresponder às necessidades de seu posicionamento no mercado. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome". Contatos: shapiro@shapiro.com.br , cel: 43. 8814.1473